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PIPELINE: Fundadores da Natura transferem ações do grupo para seus herdeiros

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Por Poffo & Henn

21 de fevereiro de 2025

Os três fundadores da companhia de beleza Natura começaram a antecipar o processo de sucessão dos negócios, com a transferência de parte de suas ações aos seus filhos. No movimento que começou nos últimos meses, os empresários estão repassando parte de suas fatias aos herdeiros, mas continuam com os direitos políticos sobre o grupo.

Em comunicado na sexta-feira (31), o empresário Guilherme Leal informou que está transferindo 3% de sua posição na empresa para os filhos Gustavo, Matheus e Thomas, que terão uma fatia de 1% cada um.

Leal, que é copresidente do conselho de administração da Natura, vai reduzir sua participação de 7,166% para 4,166% na empresa por meio da doação das suas ações ordinárias aos três herdeiros. Com 74 anos, Leal já tinha repassado a fatia de 6,54% aos filhos Felipe e Ricardo.

A decisão de Leal ocorre poucos meses depois que Antônio Luiz Seabra, outro cofundador da companhia, ter feito a doação de suas ações da empresa aos herdeiros – o comunicado foi feito no início de dezembro do ano passado. O Valor apurou que Pedro Passos, com 3,5% da companhia, também já tinha transferido parte de sua participação aos dois filhos.

Leal detém uma posição de 13,71% da companhia de beleza considerando a participação direta e a repassada aos filhos. O executivo, assim como Seabra e Passos, manterá o usufruto vitalício dos direitos políticos e econômicos sobres os papéis doados aos filhos, não resultando em alteração do controle acionário e da administração da empresa.

Em dezembro, Seabra, copresidente do conselho de administração, anunciou a redução da sua posição na Natura de 14,36% para 4,79%, com a doação das ações para sua esposa Lucia Helena Seabra e os quatro filhos, Adriana, Luis Henrique, Luis Fernando e Estela Seabra.

Detentora das marcas Natura e Avon, a holding Natura & Co tem um valor de mercado de R$ 17,5 bilhões na bolsa. Junto os três fundadores e família possuem 38,45% da companhia.

Ontem, o banco americano Goldman Sachs elevou a recomendação do papel da companhia de neutra para compra destacando que a Natura está caminhando para a simplificação operacional e corporativa, que poderia destravar retornos atraentes para os acionistas a partir da otimização da estrutura de capital. O grupo tem promovido uma ampla reestruturação nos últimos meses.

“Embora o futuro da Avon International permaneça em aberto e a integração do projeto Onda 2 [que pretende aumentar a eficiência e reduzir custos] no México e na Argentina apresente riscos, vemos espaço para um rendimento com dividendos atrativo já neste ano, com potencial de alta adicional a partir de 2026 no caso de uma separação da Avon International”, apontou o banco.

No contexto de uma perspectiva macroeconômica incerta para os papéis de consumo cíclico no Brasil, os analistas veem a Natura como uma ação mais atraente dado que a empresa tem um perfil de demanda defensivo, múltiplos descontados e possibilidade de um dividendo na faixa de dois dígitos percentuais. O banco vê espaço para a companhia pagar um retorno com dividendo de 10% referente a 2024 e 2025.

O montante de dividendo a ser distribuído, contudo, vai depender do modelo de separação da Natura Internacional, que pode se dar por meio de uma potencial separação do negócio, venda ou uma parceria para unidade.

O banco está prevendo um crescimento de receita médio, excluindo a Avon Internacional, de 5% ao ano para 2025 e 2026 para Natura, com aumento médio de 9% ao ano no Ebitda ajustado. O banco, no entanto, manteve o preço-alvo para a ação para os próximos 12 meses em R$ 16, o que implica em uma alta potencial de 26,78% em relação ao fechamento de sexta-feira.

Procurada, a Natura não comenta movimento de seus acionistas.

Fonte: Valor

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Por Poffo & Henn

21 de fevereiro de 2025